sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Reflexão a partir do Caderno IV - Etapa I "ÁREAS DE CONHECIMENTO E INTEGRAÇÃO CURRICULAR"

Reflexão e ação
Filme  Ponto de mutação – Original: Mindwalk (1990) – roteiro de Floyd Byars e Fri- tjof Capra, dirigido por Bernt Amadeus Capra. Adaptação cinematográfica do livro Ponto de Mutação, do físico Fritjof Capra, que reflete sobre as problemáticas da sociedade contemporânea colocando em questão o paradigma reducionista/cartesiano — que orienta uma visão de mundo mecanicista e fragmentada — a ser vencido por novos paradigmas que possibilitem uma visão mais sistêmica da realidade humana. Na Ilha de Monte Saint Michel, na França, uma física, afastada do trabalho devido a conflitos éticos, um senador, candidato derrotado nas eleições à presidência dos EUA e um poeta que sofreu uma decepção amorosa e está em busca do sentido da vida se afastando de todo discurso político se encontram e, em um único dia, conversam sobre ciências, ecologia, guerra, política, filosofia. O filme é um convite para repensar não só as ciências e suas formas de produção, como também a visão fragmentada do conhecimento, praticada no cotidiano escolar. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=7tVsIZSpOdI Após assistirem ao filme, estimulados para pensar formas de promover uma visão mais integrada sobre os temas no contexto escolar, convidamos vocês para refletirem e esboçarem uma forma de trabalhar o tema “Educação Alimentar e Nutricional” de forma articulada entre os componentes curriculares. Para provocar o diálogo e dar início à atividade, leiam o texto abaixo e procurem outras fontes de informação. “Alguns elementos para se pensar a Educação Alimentar numa perspectiva Integradora”
No Brasil, a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional foi regulamentada em agosto de 2010, por meio do Decreto nº 7.272. A referida legislação institui uma série de diretrizes e objetivos, que podem ser resumidos nos seguintes princípios: “(I) promover o acesso universal à alimentação ade- quada; (II) estruturar sistemas justos, de base agroecológica e sustentáveis de produção, extração, processamento e distribuição de alimentos; (III) instituir processos permanentes de educação e capacitação em segurança alimentar e direito humano à alimentação adequada; (IV) ampliar e coordenar as ações de segurança alimentar e nutricional voltadas para povos indígenas e comunidades tradicionais; (V) fortalecer as ações de alimentação e nutrição em todos os níveis da atenção à saúde, de modo articulado às demais políticas de segurança alimentar e nutricional; (VI) promover a soberania e segurança alimentar e nutricional em âmbito internacional; (VII) promover o acesso à água para consumo humano e para a produção de alimentos” (p. 15-16). A segurança alimentar engloba desde aspectos relativos às normas de produção, o transporte e o armazenamento dos alimentos até o acesso físico e econômico a alimentos básicos para a existência. O emprego, a educação, a saúde e a informação caracterizam a importância da temática e se apresentam, também, nos direitos à alimentação adequada (direito de estar livre da fome e da má nutrição) e à soberania alimentar (direito dos povos de definir suas próprias políticas e estratégias de produção, distribuição e consumo dos alimentos). O costume alimentar de um povo é determinado não só pelas características do ambiente como também pela tradição cultural e pela produção de técnicas e organização de trabalho de um povo. Contudo, esse processo é dinâmico e o contato entre culturas promove a modificação de hábitos alimentares nas sociedades, como é o caso da alimentação fast-food difundida pelo mundo. A alimentação é uma prática vital para os indivíduos, mas a compreensão em torno dela implica no entendimento de um sistema de significações e sentidos socioculturais a ela associada. O significado e os sentidos de um prato de insetos, por exemplo, é diferente para povos ocidentais, pois a cultura influencia na sensação de prazer ou repulsa dos alimentos. Alguns pratos funcionam como demarcadores identitários regionais (pão de queijo mineiro, vatapá baiano, etc.). A religião também se constitui um importante fator de influência na constituição da cultura alimentar de um povo impondo tabus alimentares. O conhecimento e o domínio sobre as formas de produção do alimento, a sua forma de preparo, de ingestão e de apresentação e os momentos em que são apre- ciados também sofrem influência da cultura. Portanto, uma perspectiva integradora da educação alimentar no currículo escolar implica necessariamente abordar, além de conhecimentos sobre os valores nutricionais dos alimentos, que se encontram sistematizados nos conhecimentos das áreas de ciências da natureza, aspectos advindos de análises históricas e socioculturais da área de ciências humanas, dentre outros.


   A formação do professor é muito específica na área de atuação pedagógica, provocando receios de levantar questões que não estão em nossa área de domínio, sendo assim nos fechamos no nosso conhecimento adquirido dificultando nossa abertura para realização de atividades relacionadas com outras disciplinas, pois os riscos assumidos são muitos grandes quando exploramos esse universo interdisciplinar em que não estamos sedimentados correremos o risco de errar. Cada professor vive uma realidade em sua disciplina o que torna mais fácil o acerto, a possibilidade do erro assusta e não podemos errar.

   Provavelmente essa intercomunicação entre as disciplinas pode ocorrer no início do ano letivo, uma vez que é necessário a preparação do plano de aula, se durante a confecção dos planos de aula houver um conhecimento mútuo entre as áreas de interesse da natureza e da vida humana poderá ocorrer uma maior interligação entre as disciplinas, diminuindo assim a possibilidade de erro. Muitos fatores podem concorrer para a facilidade dessa comunicação interdisciplinar como a proximidade, afinidade, troca de experiência e ideias entre os professores.
   A interdisciplinaridade na educação alimentar pode ser trabalhada da seguinte forma: em educação física e biologia através do conteúdo e da importância da ginástica para a vida, estudando as fontes de energia e os alimentos, o gasto energético e a composição corporal, as doenças causadas pelo uso excessivo do sal, a leitura dos rótulos para a identificação e reconhecimento das vitaminas. Em química através da termoquímica, ou seja, determinar a quantidade de energia gasta ou liberada para o funcionamento do corpo humano, durante o estudo dos átomos é possível identificar os elementos essenciais a vida. A matemática pode ser utilizada para transformação das unidades durante o cálculo do gasto de energia além de calcular a composição nutricional em cada porção. Utilizando a Geografia poderemos identificar a distribuição da produção dos alimentos.


Reflexão e ação
Organizem-se em grupos multidisciplinares, definam um processo produtivo ou um fato, ou um fenômeno e sigam as sugestões apresentadas no quadro abaixo como exercício de elaboração de uma proposta curricular. A finalidade deste exercício é que professores cheguem à seleção de conteúdos de ensino e à organização em componentes curriculares, orientada pelo princípio da relação entre ensino e produção.
Elaboração coletiva da proposta curricular integrada Momento da elaboração Resultado da elaboração
1. Problematizar o processo de produção, fato ou fenômeno em múltiplas perspecti- vas: tecnológica, econômica, histórica, ambiental, social, cultural, etc.
Conjunto de questões que servem à seleção de conteúdos; ou seja, à seleção de conhecimentos necessários para resolver a problematização. 
2. Explicitar teorias e conceitos fundamentais para a compreensão do(s) objeto(s) estudado(s) nas múltiplas perspectivas em que foi problematizado.
Seleção integrada dos conteúdos de ensino. Teorias e conceitos aqui explicitados constituem os conhecimentos necessários para re- solver a problematização e, assim,  estruturar os conteúdos de ensino selecionados.
3. Localizar as teorias e os conceitos explicitados nos respectivos campos da ciência (áreas do conhecimento, disciplinas científicas).
Identifica-se, assim, a raiz epistemológica desses conhecimentos, de modo que os componentes curriculares adquiram sentido e propósito no currículo em vez de repro- duzirem as orientações de livros ou manuais didáticos.  
4. Identificar relações dessas teorias e conceitos com outros do mesmo campo (disci- plinaridade).
Ampliação e complementação dos conteúdos de ensino selecionados a partir da pro- blematização, considerando que a aprendizagem real de um conceito — isto é, de forma não pragmática ou somente instrumental — implica apreendê-lo na relação com outros conceitos que dão unidade epistemológica a um campo científico. 
5. Identificar relações com outros conceitos de campos distintos (interdisciplinaridade). Indicação de abordagens interdisciplinares necessárias à explicação do problema na sua totalidade. 


Fundamento: Para evitar que o óleo de cozinha usado seja lançado na rede de esgoto,  cidades, instituições e pessoas de todo o mundo têm criado métodos para reciclar o produto. As possibilidades são muitas: produção de resina para tintas, sabão, detergente, glicerina, ração para animais e até biodiesel
Reciclagem do óleo como Biodiesel: -A transformação do óleo de cozinha em energia renovável começa pela filtragem, que retira todo o resíduo deixado pela fritura. Depois é removida toda a água misturada ao produto. A depender do óleo, ele passará por uma purificação química que irá retirar os últimos resíduos. Esse óleo "limpo" recebe então a adição de álcool e de uma substância catalisadora. Colocado no reator e agitado a temperaturas específicas, ele se transforma em biocombustível e após o refino pode ser usado em motores capacitados para queimá-lo.
Reciclagem do óleo na preparação do sabão: – Para fazer barras de sabão a partir do óleo de cozinha, basta seguir a receita abaixo:
Materiais: 
  • 5 litros de óleo de cozinha usado
  • 2 litros de água
  • 200 mililitros de amaciante
  • 1 quilo de soda cáustica em escama
Preparo:
  1. Coloque cuidadosamente a soda em escamas no fundo de um balde.
  2. Depois, coloque a água fervendo.
  3. Mexa até diluir todas as escamas da soda.
  4. Adicione o óleo e mexa.
  5. Adicione o amaciante e mexa novamente.
  6. Jogue a mistura numa fôrma e espere secar.
  7. Corte o sabão em barras.
Atenção: A soda cáustica pode causar queimaduras na pele. O ideal é usar luvas e utensílios de madeira ou plástico para preparar a mistura.
Outros tipos de soluções podem servir para evitar que o óleo seja jogado nas redes de esgoto. Um produto desenvolvido na Espanha promete solidificar o óleo e facilitar seu armazenamento, coleta e reciclagem. Batizado de Frito Limpio, o produto deve ser jogado no óleo ainda quente e após alguns minutos todo o liquido estará sólido. Basta retirar da frigideira e guardar.
Disciplinas envolvidas: Química, biologia, sociologia, matemática e educação física.
Reflexão e ação
 1 – Assista ao vídeo Em busca de Joaquim Venâncio de Evandro Filho e outros (2009). O vídeo é resultado de um trabalho de integração realizado por alunos da 1ª série da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, no ano de 2009. Contando com imagens de arquivo e depoimentos, o filme narra a busca por informações sobre o trabalhador técnico que dá nome à escola, uma referência importante entre os trabalhadores da Fundação Oswaldo Cruz. Disponível em: http://www.epsjv.fiocruz.br/index.php?Area=Material&Tipo=4&Num=149 &Sub=1 e também http://www.youtube.com/watch?v=SUkk5DLbUOQ 
1 – Analise criticamente este material à luz da sua proposta e dos princípios e práticas
pedagógicas aqui integradas, posicionando-se sobre possibilidades de realizar atividades como esta em sua escola. 
2 – Retorne aos resultados da atividade 2 do momento anterior e dê prosseguimento a ela, chegando a um ensaio de proposta curricular (certamente parcial e limitado, considerando ser somente um exercício) contendo: a) proposta de componentes curriculares (disciplinas e projetos interdisciplinares); b) possível sequência curricular; c) distribuição de atividades, tempos e espaços curriculares. 
3 – Leia a noticia abaixo publicada num jornal de São Paulo em fevereiro de 2012. Ligações clandestinas causam risco de incêndios Mais de 180 mil gatos podem explicar incêndios como o de domingo, que matou casal na Vila Guilherme. SILVÉRIO MORAIS - silverio.morais@ diariosp.com.br A ligação irregular de energia é a provável causa do incêndio que deixou dois mor- tos e mais de 200 desabrigados na Favela do Corujão, na Vila Guilherme, Zona Norte, do- mingo. Os chamados “gatos” estão presentes em pelo menos outras 400 favelas da Grande São Paulo não contempladas pelo programa de regularização da Eletropaulo. São 180 mil moradores em risco nesses lugares, devido ao perigo das ligações clandestinas. Segundo o Corpo de Bombeiros de São Paulo, curtos-circuitos ocasionados pelos “gatos” são as principais causas de fogo em favelas. “São lugares com ligações inadequadas para uma moradia que tem todo tipo de equipamento elétrico”, diz o tenente Marcos Palumbo, do setor de comunicação da corpo- ração. A maioria dos casos, informa, ocorre em dias de calor, quando há sobrecarga no consumo de energia. Os fios podem derreter e causar faíscas ou até explosão. Conforme o último levantamento dos bombeiros, a média foi de um incêndio do tipo por dia no estado em 2010, quando foram atingidos 253 barracos (danos individuais) e 112 favelas (afetando uma comunidade inteira ou parcialmente). O fato de as casas serem de madeira e ficarem muito próximas facilita a propagação das chamas. Outra dificuldade é o acesso. No caso de domingo na Favela Corujão, como não há rua, os bombeiros precisaram entrar pela em- presa ao lado e quebrar o muro, para então combater o fogo por trás da comunidade, o que atrasou a ação. A orientação dos bombeiros, em caso de incêndio, é deixar o local imediatamente, sem querer salvar nada antes. De acordo com o tenente Palumbo, depois de curto-circuito, as principais razões de incêndio em favelas são displicência ao cozinhar, vazamento de gás e causas criminosas, como teria ocorrido no Moinho, no bairro Campos Elíseos, em dezembro. Segundo o relatório da corporação, uma usuária de crack colocou fogo na sua casa e provocou o incêndio. A polícia ainda investiga.  Regularização /A Eletropaulo informa que começou a regularizar as ligações clandestinas de energia nas favelas da Grande São Paulo em 2004 e já alcançou 75% delas, o que representa 1.200 comunidades, 460 mil famílias e quase 2 milhões de pessoas. A maioria das cerca de 400 favelas sem regularização não oferece condições necessárias, como é o caso do Corujão. “São aglomera- dos de madeira dentro de um terreno particular, sem acesso e nenhuma infraestrutura”, diz José Cavaretti, gerente de Novos Mercados da Eletropaulo. Segundo ele, faltam ruas para colocar postes e a instalação das casas é precária para ter rede de energia interna.  As condições de insegurança, afirma, continuariam se as redes fossem instaladas nessa situação. Outras favelas não são atendidas por estarem em processo de remoção por ocupar área de proteção ambiental ou de risco. Disponível em: http://www.redebomdia.com.br/noticia/detalhe/12438/Ligacoes+clandestinas+causam+risco+de+incendios  
Analise criticamente a notícia deste material e, imaginando que lecione em uma escola próxima a essa comunidade, como poderia problematizar a situação relatada? Que conhecimentos, de diferentes áreas, poderiam ser mobilizados no sentido de substituir uma compreensão ingênua da situação por outra mais dialética numa perspectiva menos local e mais global do problema?


Parte 1 - O trabalho realizado pelo grupo de estudantes é bem interessante, pois muitas vezes em nossas aulas citamos nomes de importantes cientistas que passam despercebidos pelos alunos, porém a vida, a obra e as contribuições dessas pessoas para o desenvolvimento da ciência são fundamentais, e pouco divulgadas, até mesmo na área científica. Sendo assim, seria muito interessante propor aos alunos trabalho de pesquisa sobre a vida dessas pessoas, que são fundamentais para o entendimento de certas disciplinas. E através do conhecimento os alunos passariam a valorizar e reconhecer de forma mais fácil o legado.

Parte 2 – Apesar do acesso as formas de energia ser um direto de todos nem sempre isso ocorre da forma que deve ser, percebemos a partir da leitura do texto que mostra a realidade das ligações irregulares muitas vezes provocadas pela falta de infraestrutura, pela falta de informação e pela realidade social vivida pela comunidade, onde todos os fatores levam a uma situação de risco.
   O problema das ligações clandestinas pode ser tratado na escola como o problema social que se relaciona à distribuição de renda e a sua desigualdade, o que provoca a ocupação de áreas de risco, falta de infraestrutura, problemas com a mobilidade urbana e de saúde pública, além de provocar incêndios... É possível inserir a questão do próprio conhecimento desigual que permeia a construção de espaços tão inseguros que não apresentam condições para suportar técnicas mais sofisticadas como a própria ligação de rede elétrica.
   Nesta discussão podemos abordar os seguintes assuntos nas disciplinas: Política social em História; saneamento básico e urbanização em geografia; saúde pública em biologia, sociologia, história e geografia; dados estatísticos em matemática; combustão em química; suporte técnico para o entendimento das condições mínimas para a implementação de tecnologias (fiação e rede elétrica, hidráulica) em física.
Prof. Mônica Peralta





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