quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Reflexão a partir do Caderno III - Etapa I "O CURRÍCULO DO ENSINO MÉDIO,SEUS SUJEITOS E O DESAFIO DA FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL "


Reflexão e Ação 1
As decisões sobre o currículo se instituem como seleção. Na medida em que se trata de uma seleção, e que esta não é neutra, faz-se necessário clareza sobre quais critérios orientam esse processo de escolha. Promova um debate entre os professores participantes deste curso tendo como tema a seguinte questão: “Que relações existem entre o que eu ensino e o mundo do trabalho, da ciência, da tecnologia da cultura?” Registre esse debate e compartilhe as conclusões em suas redes de contato.

O grupo de docentes que participam do curso expuseram suas opiniões chegando a um consenso em relação a algumas questões importantes.
Elementos como a ciência, tecnologia, cultura e trabalho estão profundamente relacionados com o dia a dia do docente. Isso ocorre por vários fatores, desde a constatação de que as disciplinas formadoras do currículo do Ensino Médio são, acima de tudo, ciências, até o fato de serem elementos importantes como referência para a formação do aluno.
A ciência e tecnologia guiam e formam o cotidiano da maioria das sociedades, sendo algo intrínseco à formação do indivíduo como agente social, fato que não pode ser ignorado pela escola. Isso ocorre desde as inovações tecnológicas que movem o mundo até mesmo às atualizações conceituais das disciplinas que são ensinadas no ensino médio. Biologia e História, por exemplo, podem ser encaradas como disciplinas vivas, que sofrem constante modificações não só com o decorrer do tempo, no caso da história mais especificamente, mas também com as descobertas tecnológicas, como no caso da biologia e descoberta de novos vírus. Foi citado, neste caso, as modificações dos vírus da AIDS e do caso da epidemia de Ebola que assola a África.
Cultura e mundo do trabalho também estão interconectados já que são perspectivas também formadoras da sociedade. Há, neste sentido, uma importância não somente com a questão da formação cultural e suas constantes mudanças, mas também pela formação que devemos dar aos alunos para que enfrente o mundo do trabalho. A reflexão histórica e sociológica sobre este último elemento é fundamental para a compreensão da dinâmica que gere nossa sociedade.
No entanto, houve consenso que há uma grande dificuldade em agregar esses elementos ao ambiente da sala de aula. A grade curricular engessa fortemente a ação do professor em sala de aula já que não fornece a possibilidade de trabalhar com conceitos integrados. A interdisciplinaridade fica seriamente comprometida no modelo curricular arcaico que ainda se apresenta como grades que limitam a ação do docente. Trabalhar de forma estanque, mergulhado somente em suas disciplina faz com que os alunos vejam o conhecimento como ilhas completamente separadas por uma grande quantidade de água. Infelizmente, por não se pensar um currículo unificado, com o diálogo entre as diversas áreas de conhecimento, conteúdos que poderiam ser conectados se perdem. Uma aula sobre Peste Negra ficaria muito mais rica em conhecimento adquirido se houvesse o diálogo interdisciplinar com biologia ao aprofundar o conhecimento sobre a epidemia de Peste Bubônica.
Outro fator dificultador da ação dos professores é a estrutura física das escolas que não permite a ação de aulas diferenciadas com interação entre turmas ou entre professores, assim como falta de aparatos tecnológicos que auxiliem o trabalho pedagógico.
Concluindo, é inegável que a presença da tecnologia na escola vai muito além da simples utilização de computadores ou Datashow em sala. É preciso se conectar ao mundo que vive um constante movimento. É preciso então tirar a escola desta imobilidade que faz com que alunos e professores vivam numa bolha.



Reflexão e ação 2
Reconhecemos a complexidade das propostas das atuais Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Por essa razão, propomos que se reserve um tempo para a leitura e aprofundamento: 1) Ler e analisar as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio; 2) Organizar uma roda de conversa com os professores da escola sobre as DCNEM. 3) Sistematização: quais as proposições que mais geraram debate? A que você atribui que tenham sido essas as questões mais polêmicas? 4) Faça o registro dessa atividade e socialize com os demais professores cursistas.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio foi considerado, por todos, uma grata novidade de discussão da mudança, tão necessária, na estrutura curricular do Ensino Médio no Brasil.
A começar pelo ENEM e, também, instigado por este, se intensificou a necessidade de mudança para adequar a realidade educacional das instituições de ensino com a realidade da avaliação de ingresso ao ensino superior.
Os pontos que mais chamaram atenção foram os artigos 5º, V e VI, assim como artigo 8º e artigo 14, XIII que são justamente os artigos que falam de interdisciplinaridade e novas propostas para o futuro do ensino médio no Brasil.
A proposta interdisciplinar já foi discutida e analisada na reflexão anterior mas o grupo ressaltou a importância de se pensar as disciplinas não mais somente como disciplinas estanques mas, especialmente, como áreas de conhecimento, o que aprimora o pensamento totalizante de conhecimentos que se cruzam e se complementam. Não há como na disciplina de arte se falar da Semana de Arte Moderna de 1922 ignorando o conhecimento histórico que nela está presente. A análise social e histórica, assim como o aprofundamento a respeito da linguagem e dos aparatos culturais que a fundamentam dependem deste cruzamento de conhecimentos e conteúdos.
Novas propostas de organização curricular evidenciam também a mudança de ação do aluno tão acostumado a receber a educação dualista e bancária do ensino tradicional no Brasil. Por isso foi ressaltado também o capítulo de modificação do sistema de ensino que requer uma maior autonomia e liberdade do aluno quanto ao processo de produção do conhecimento. E não menos importante, uma modificação na avaliação do aluno em relação às novas propostas curriculares.


Reflexão e ação 3
FINALIDADES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
– Propiciar o desenvolvimento físico, intelectual, social e emocional do educando, tendo em vista a construção de sua autonomia intelectual e moral; – Possibilitar o desenvolvimento das capacidades de comunicação, por meio das diferentes linguagens e das formas de expressão individual e grupal; – Incentivar o gosto pela aprendizagem, pela investigação, pelo conhecimento, pelo novo; – Exercitar o pensamento crítico, por meio do aprimoramento do raciocínio lógico, da criatividade, e da superação de desafios; – Estimular o desenvolvimento psicomotor, as habilidades física, motora e as diferentes destrezas; – Propiciar o domínio de conhecimentos científicos básicos, nas diferentes áreas, tais como: Matemática, Língua Portuguesa, História, Geografia, Biologia, Física, Química, Sociologia, Filosofia, Educação Artística e Educação Física; – Favorecer a sociabilização, isto é, a produção da identidade e da diferenciação cultural, mediante a localização de si próprio como sujeito, da participação efetiva na sociedade e da localização espaço-temporal e sociocultural. FONTE: SILVA, M. R. et al. Planejamento e trabalho coletivo. Coletânea Gestão da Escola Pública. Curitiba: UFPR, 2005.
Que relações você estabelece entre essas “finalidades” e o que é praticado nas escolas, considerando sua experiência como aluno e como professor? Refletir: essas finalidades não são “disciplinares”, mas emergem da contribuição que cada disciplina, cada área, cada experiência vivida dentro e fora da escola oferece no processo formativo ao longo da vida. Em vista dessa con- sideração, escreva um texto no qual você evidencie as contribuições do que você ensina para o desenvolvimento da autonomia intelectual e moral de seus alunos.

Pensar uma nova escola é, não somente, pensar uma estrutura física ou a recomposição das disciplinas ou conteúdos. Acima de tudo, pensar uma nova escola é pensar um novo aluno, este como alvo da produção do conhecimento e divulgador deste.
A escola não pode continuar estanque à sociedade já que é um resultado desta e uma instituição social que prepara o indivíduo para tornar-se um cidadão. É competência de todos os professores, como formadores educacionais, a contribuição na formação do aluno como indivíduo.
O retorno das matérias de Sociologia e Filosofia foram fundamentais neste sentido pois levaram ao espaço escolar uma análise social mais aprofundada, um conhecimento da estrutura social, estimulando o pensamento crítico e filosófico.
As análises sociais nestas disciplinas, assim como na história, levam a compreensão dos alunos como a sociedade se forma e qual seu papel como agente social. Neste âmbito, a discussão a respeito de temas como cidadania, democracia, teoria do Estado, formas de expressão artística ou cultural, conhecimento sobre outros países ou línguas, entre outros temas fazem com que haja, necessariamente, não só o trabalho humanizado em cada disciplina mas também na interligação entre elas.
A formação da identidade, o processo de socialização, o estímulo ao pensamento crítico, vão muito além da institucionalização da escola como um espaço de simples divulgação de conhecimento mas sim de democratização da escola.

 Prof. Rodrigo Borges 

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