Possibilidades de
abordagens pedagógico-curriculares na área de Linguagens
Ao ministrar as
aulas de língua portuguesa, já venho fazendo com a turma todo um trabalho
pautado nas diversas modalidades de comunicação e sempre procurei colocar em
prática o diálogo, as discussões sadias, incentivando a participação de todos,
fazendo-os trilhar um caminho de aprendizado, com respeito às diferenças e
liberdade de opinião de cada um. Sempre procuro algum exemplo da vida prática,
de conhecimento de mundo, para fazer analogia até mesmo com os conceitos mais
complexos de gramática. Seguimos assim, para além da gramática convencional. Dessa
forma, há um diálogo muito profícuo entre o que procuro ensinar e o que eles,
em sua maioria, os jovens, estão dispostos a apreender.
Em uma dessas
conversas, tive a oportunidade de apresentar cinco práticas de linguagem
presentes em suas vidas, ou que futuramente gostaria que estivessem, que foram:
·
Formação de rodas de leitura e
compartilhamento de textos produzidos;
·
Instauração de ciclos de
debates e diversos outros eventos;
·
Desenvolvimento de projetos
culturais (teatro, dança, música e artes plásticas);
·
Participação em movimentos já
instaurados (cineclubes, saraus, exposições);
·
Frequência a aparelhos
culturais (teatros, cinemas, museus, feiras, etc.)
Quanto às rodas
de leitura e compartilhamento de textos escritos por eles, já tivemos a
oportunidade de experimentar e o resultado foi ótimo. A princípio, com timidez,
depois, com dedicação e interesse no que o outro teria a partilhar. Tal
atividade ajuda na elevação da auto-estima e faz com que alunos se sintam
também sujeitos da aprendizagem. Sempre que há algum tema polêmico na mídia,
proponho debates, momento em que todos podem manifestar seu pensar e sabem que
gozam de liberdade para falar. Essa atitude é importante, pois ajuda a
“destravar” o pensamento, que muitas vezes não é manifestado porque o aluno tem
vergonha de falar.
Quanto aos
projetos culturais, houve poucas oportunidades de levá-los a conhecer um
espetáculo de dança, peças teatrais, exposições de obras de arte... Porém,
comento muito com eles e mostro materiais que falam da importância desse tipo
de manifestação artística para a perfeita compreensão dos conceitos de cultura
e identidade. Aliás, sinto a necessidade de aliar meus ensinos de língua
portuguesa e literatura a conceitos de obra de arte musical, cênica, pictórica
e escultural, por exemplo, em determinado momento em que tal obra foi concebida,
o que se falou sobre ela, qual foi a opinião da crítica da época? O que aquela
peça, aquele quadro significou para a humanidade? Esses são exemplos de
conhecimento de mundo, ao qual o nosso jovem de ensino médio, da realidade da
nossa escola, ainda não conseguiu ter contato. Infelizmente, não há meios
financeiros de levá-los até tais lugares, a um teatro, museu, conhecer cidades
históricas, o que seria uma aula em que a prática iria corroborar a teoria.
Fica aqui declarada a vontade de nós, docentes, de transformar essa ideia em
realidade.
A respeito de
tais práticas de linguagem, faço uma paráfrase ao que é dito no texto desse
Caderno, que o jovem também pode se apropriar dessas práticas de linguagem para
acessar espaços sociais e também para refletir sobre seu mundo e sua
identidade, tornando-os seres independentes e capazes de se integrarem ao mundo
em geral, à sociedade, com bagagem para conhecimento e exploração do novo,
afinal, os professores não vão estar para sempre na vida desses alunos para dar-lhes
a direção e as definições de suas escolhas. Eles deverão estar aptos a seguir
com suas vidas nos ambientes mais diversificados: trabalho, sindicatos,
igrejas, etc.
Como direitos à
aprendizagem e ao desenvolvimento, citaria, entre outros:
·
A pluralidade de práticas e
valores socioculturais;
·
A compreensão, apropriação e
uso de várias formas de linguagem;
·
O acesso crítico a patrimônios;
·
A construção e apropriação de
ferramentas conceituais e procedimentais de diversas tradições do conhecimento
humano;
·
A historicidade como forma de
desnaturalização das condições de produção e validação dos conhecimentos;
·
O pensamento emancipador;
·
A reflexão sobre o trabalho
humano e seu papel na construção das relações entre pessoas e destas com as
instituições.
Sendo assim, apresento essa reflexão aos colegas e aguardo um diálogo
instigante a respeito das possibilidades de trabalhos interdisciplinares.
Prof.: Kassia Fernandes
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